sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Era um daqueles moços que ficam na rua, não tem o que comer e não tem com quem contar.

Vivia sozinho como os outros.

Mas era um moço diferente. Era um moço sabido.

Dormia na rodoviária de sua cidade.

Adorava deitar nos bancos como as outras pessoas que também deitavam esperando seu ônibus. Ele não esperava ônibus nenhum. Ele esperava alguém, esperava algo.

Prestava muita atenção nas pessoas que passavam por ali.

Tinha um violão, sua fonte de renda e seu melhor amigo.

Contava tudo para ele. Aprendera a tocar sozinho, ainda quando tinha um emprego de servente e tinha um lugar para viver.

Pois não reclamara de nada, não reclamara de sua vida.

Era sozinho, sim. Não comia direito. Não abraçava ninguém.

A única coisa que o incomodava era que não sabia escrever, nem ler.

Fascinava-se pelas pessoas que devoravam os tais dos livros ali, sentados à espera dos ônibus.

Poderia até dizer que tinha inveja, mesmo sendo inveja um termo um tanto quanto inapropriado para aquele homem.

Era uma manhã gelada, puxou seu violão em uma praça.

Estava envolto por uma manta, uma manta laranja, já com a cor apagada, surrada pelos dias frios. Sua caneca de metal, daquelas de colégio, estava a posto em sua frente.

Era hora de tentar garantir o seu almoço.

As notas do violão soavam acompanhando o ritmo de suas palavras que contavam a história que ouvira noite passada na rodoviária, enquanto tentava dormir.

Era a história de um homem que havia levado uma surra de seu patrão certo dia, pois tinha levantado a voz para ele. O homem tinha processado o patrão, ganhado uma pequena parte da fortuna dele. Comprara uma casa, trocara de emprego. O homem hoje era um dos homens mais ricos da cidade. Bem casado com duas pequenas filhas lindas.

O moço não sabia ler partitura, não saberia dizer quais eram as notas que ele tocava. Afinal ele nem precisaria disso, a música era dele, era algo que ele tinha prazer e orgulho em saber fazer. Aprendera a tocar sozinho, batendo nas cordas, apertando diferentes casas daquele que seria seu ganha-pão.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Capítulo 12

Elas finalmente saíram do box, o banheiro estava tomado pelo vapor.
Ambas pareciam agora estar com vergonha, uma vergonha disfarçada pela sensação de desejo cumprido, pela sensação de que nada tiraria aquilo delas.
Vestiram-se e foram para a sala assistir televisão.
Sentaram no sofá, um pouco mais a frente, naquelas cadeiras que inclinam estava a mãe de Jaque.
Fer sem desgrudar os olhos da televisão foi passeando sua mão em direção à mão de Jaque entre pequenos intervalos de hesitação, as mãos se encontraram.
Jaque virou sua cabeça rapidamente para Fer, não saberia dizer se aquilo foi por ansiedade, por medo, se tinha se assustado ou se fora apenas um reflexo. Mas sua amada estava de olhos fechados com a cabeça ainda imóvel em direção à televisão.
Jaque passou seu polegar pela mão de Fer, que lentamente abriu os olhos e virou a cabeça.
Mais uma vez o mundo parou naquele dia. Os olhares encontrados fizeram surgir um sorriso, Fer deitou sua cabeça no ombro de Jaque.
-Já está muito tarde, vou dormir e deixar vocês aqui, minhas filhas.
Fer sentiu ali um carinho por parte da mãe de Jaque que desejara ter recebido durante toda a sua vida, talvez sem saber direito que eram de simples palavras como essa que precisara para se sentir amada.
Elas ficaram ali, sentadas, imóveis por mais um tempo, olhavam para a televisão, mas suas mentes não conseguiriam focar-se em nada que aquele aparelho eletrônico falasse. Seus pensamentos tinham apenas uma direção, e essa direção era a mesma, a alegria, a ansiedade, a felicidade, a sensação de descoberta de algo novo, o desejo, o carinho, o amor.
Fer acabou cochilando ali. Jaque levantou com cuidado e foi arrumar a cama. Voltou para a sala e pegou Fer no colo, levando-a até seu quarto. Fer parecia um anjo dormindo, sua feição transmitira paz e tranquilidade, mesmo que Jaque soubesse o que estava acontecendo, era aquilo que sentia ao olhar para a pele macia de Fer.
Os dias passaram perfeitos, completos e repletos de cumplicidade. O ex namorado de Fer não aparecera durante aquele tempo. Por mais que Fer agradecesse por aquilo, achava estranho.
Era uma sexta-feira, Fer estava assistindo Jaque treinar, elas iriam pra um barzinho do centro da cidade junto com os novos amigos. As duas sorriam, trocavam olhares apaixonados.
O treino acabou, elas foram até o vestiário, Jaque tomou um banho enquanto Fer se maquiava, quando estavam finalmente prontas e quase saindo dali, Fer sentiu uma pontada no coração. Jaque perguntou se estava tudo bem, Fer fixou seus olhos nos olhos dela e com lágrimas nos olhos afirmou mais uma vez naquele dia o quanto a amava, sem entender Jaque trocou juras de amor ali, na porta do vestiário.
Foram até o ponto de ônibus, o mesmo em que se conheceram, que se apaixonaram.
Parado de pé estava um cara com um capuz preto e óculos escuro, ele olhava para baixo e tinha as mãos inquietas dentro dos bolsos, ele parecia nervoso, dava para ver o suor em sua testa.
Fer abraçou Jaque forte, a agonia estava clara. Jaque a confortou.
O rapaz cochichava algo inaudível. Do outro lado da rua aproximava-se um casal, passos lentos, tranquilos.
O rapaz derrepente virou para elas e encarou Fer, que logo o reconheceu.
Ele agora gritava com apenas uma mão dento do bolso.
-Como você pode me deixar sozinho? Você nunca se importou para o que eu sentia? Vadia!
Jaque fez menção de responder, mas Fer se intrometeu.
-O que você está fazendo aqui? Não falei para você sumir da minha vida?
-Sua mãe está preocupada contigo, eu também, eu te amo, eu preciso de você, volta pra mim!
Jaque empurrou Fer para trás dela, e ao abrir a boca para falar, o rapaz tirou a sua mão do bolso, junto com ela uma arma prateada, o cano brilhava.
Fer se desesperou, o casal que estava chegando ali tinha chamado a polícia e tentava gritar palavras que convencessem o rapaz a se acalmar. Em vão.

-O que você está fazendo? Larga isso!
-Só se você voltar pra mim!
-Não, você tem que entender...
-Não quero entender porra nenhuma, se você não for minha, não vai ser de mais ninguém!
Ele apontou a arma para Fer e destravou a arma.
Puxou o gatilho.
Jaque empurrou Fer e a bala entrou no lado esquerdo de seu peito.
Sirene.
Gritos.
Silêncio.
Escuridão.


FIM

domingo, 29 de agosto de 2010

Capítulo 11

Fer pegou uma muda de roupa, o seu material, iria direto para a aula no outro dia.
Saiu do quarto, sua mãe estava de pé ao lado da porta. Braços cruzados.
-Aonde você vai?
-Dormir na casa de uma amiga, não tem como ficar aqui hoje.
-Não tem porque você não quer.
-Não é isso mãe, você sabe muito bem disso, vocês preferem acreditar nas coisas que ele fala do que no que eu falo!
Ela não respondeu, Fer já com os olhos cheios de lágrimas saiu correndo dali, se sentiu muito fraca naquela hora, pensou em Jaque. Apostou que Jaque não choraria no lugar dela, engoliu o choro.
Na casa de Jaque a paz reinou naquele dia, elas passaram a tarde inteira jogadas no sofá assistindo filmes.
Fer se sentia bem agora, toda a sua dor tinha sido escondida, não tinha sumido, não havia passado, ela sabia que ainda existia, mas conseguia ali, ao lado de Jaque, fazer com que essa dor ficasse escondida embaixo de outros sentimentos, sentimentos esses que apenas Jaque a proporcionava.
O dia estava acabando, da varanda dava para ver o pôr-do-sol, Jaque levou Fer para vê-lo.
Elas se abraçaram em um silêncio assistido pelo laranja que tomara conta do céu.
Quando o sol dera lugar para a lua cheia mais brilhante daquele ano, os olhares mais uma vez se encontraram.
Jaque a beijou, Fer sentira suas pernas balançarem, era hora de entrar.
-Vou tomar um banho, quer vir junto dessa vez?
Não foi preciso resposta, Fer correu pegar seu pijama.
No banheiro as duas estavam tímidas, Fer talvez estivesse mais empolgada e sentira menos vergonha, beijou-a e levemente suas mãos passeavam por debaixo da camiseta de sua amada, sentia Jaque suspirar em seu ouvido, deixando-a arrepiada. Jogou as camisetas no chão.
A mão de Jaque agora contornava as curvas do corpo de Fer, não demorou a abrir o zíper da calça.
O vapor do chuveiro já tomava conta do banheiro todo, embaixo da água, suspiros se misturavam à arranhões e juras de amor.
Naquela noite, nada que pudesse acontecer, mudaria aquele sentimento.

sábado, 28 de agosto de 2010

Capítulo 10

Fer foi embora, o sábado demorou a passar.
Mas finalmente terminou.
No domingo de manhã o celular de Jaque tocou.
Ela atendeu sonolenta, tinha sonhado a noite toda, acordou com o celular tocando, mas acordou sorrindo.
No outro lado da linha era Fer, sua voz estava mais melosa do que o normal, Jaque estranhou.
Depois de um tempo entre conversas sobre assuntos aparentemente inúteis, Jaque não aguentou.
-O que está acontecendo contigo?
-Como assim o que está acontecendo comigo?
-Hey, eu posso ter passado apenas uma noite ao teu lado, posso não saber tudo sobre a sua vida, sobre o que tu passou, sobre o que tu viveu, sobre o que tu quer. Mas eu sinto que te conheço o suficiente já para sentir quando tem alguma coisa diferente contigo. E eu estou sentindo na sua voz que alguma coisa está errada.
Fer desmoronou, começou a chorar desesperadamente no telefone.
Jaque agora estava sem reação, não a queria chorando, mas sinceramente, não sabia o que fazer naquele momento.
-Calma amor, não chora, me conta, o que foi?
Engoliu o choro, tentou não soluçar, tentativa em vão, concentrou-se como quem precisa desarmar uma bomba.
-É o meu ex, ele veio aqui em casa ontem de noite, falou um monte para os meus pais, disse que eu era sapatão, que eles não mereciam ter uma filha como eu. Depois veio até meu quarto, me xingou, disse que eu sou vagabunda, que era bom eu não estar com ele mesmo, porque ele merece coisa melhor.
Jaque ficou meio paralizada, não sabia o que dizer para ela, mas sabia que Fer precisava dela. Antes que ela abrisse a boca para tentar falar algo tentando acalmá-la, Fer se adiantou.
-Desculpa estar te alugando com os meus problemas, mas eu precisava ouvir sua voz hoje, eu preciso do teu abraço, preciso entrelaçar nossos dedos. Parece que longe de você, me sinto à beira de um abismo. Você não precisa falar nada se tu não quiser ou não souber o que falar.
-Mas você me liga para ouvir minha voz e diz que não preciso falar nada?
As duas riram. Um riso tímido, um riso que parecia errado naquela hora, mas que talvez fosse um combustível, esse era um dos principais motivos de Fer ter se apaixonado por Jaque, a sua facilidade de lhe fazer rir.
A experiência da vida tinha ensinado à Jaque que as coisas por mais feias que estejam, não tirariam o sorriso de seu rosto. Teoria do Playmobil.
-Vem passar a noite aqui em casa hoje de novo. Eu imagino como deve estar foda o clima com seus pais, e ele não sabe onde eu moro, e mesmo que ele apareça aqui, eu acabo com ele.
Mais risadas.
-Eu vou, preciso de você de novo, na verdade, acho que eu vou falar essa frase todos os dias daqui pra frente. Preciso de você de novo.

domingo, 22 de agosto de 2010

Capítulo 9

Pela janela entrava um pequeno feixe de luz que batia diretamente nos olhos de Jaque.
Ela acordou, Fer estava deitava sobre seu ombro, os olhos fechados, parecia estar sonhando. Acariciava os cachos loiros, sentia que poderia passar os restos de seus dias acordando assim, com ela ao seu lado. Seu coração acelerara mais uma vez, era como se ele quisesse sair dali de dentro, para poder mostrar para o resto do mundo o quanto ele estava feliz.
O mundo poderia desabar lá fora, não iria importar.
Fer acordou, de leve se espreguiçou e ergueu seu olhar diretamente para o de Jaque. Seus olhos brilhavam. Fer sentiu a intensidade daquele momento, pareceu ter certeza de que era ela quem deveria esquentar suas noites e dizer as coisas que ela precisava ouvir.
Queria tanto falar isso pra ela naquela hora, mas não conseguiu falar nada, talvez Jaque tenha entendido o seu olhar, talvez ela não precisasse dizer nada, sabia que ela a entendia.
Elas se abraçaram.
-Bom dia.
-Maravilhoso dia, né? E olha que ele nem começou direito!
-Ah, foi maravilhoso poder sentir teu corpo perto de mim a noite toda, sonhei tanto com isso.
E realmente, as duas tinham imaginado uma noite como aquela à tempos.
Elas levantaram, Jaque foi para o banho.
-Posso ir com você?
Jaque riu, não respondeu.
-Ok, vai lá, eu faço o café.
Fer foi direto para a cozinha, revirou todos os armários, mas conseguiu achar tudo o que precisava.
Quando Jaque apareceu a mesa já estava posta e uma rosa roubada de um vaso no canto da sala estava posta no meio da mesa.
Por um momento aquela pareceu uma vida de casadas, parecia que elas se conheciam a anos, e que namoravam a muito tempo.
O cabelo de Jaque ainda úmido caía sobre seus olhos, Fer se aproximou, arrumou o cabelo de sua amada e devagar beijou seu rosto. Se Jaque estivesse se olhando no espelho naquela hora, ficaria até com vergonha da sua cara de idiota. Mesmo que amasse ficar com aquela cara de uns tempos pra cá.
Já não conseguia, talvez tivesse até esquecido como não sorrir, como tirar aquela expressão de sua cara.
Cada vez mais tinha certeza de que Fer seria seu porto seguro dali para frente.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Capítulo 8

As duas foram jantar ao lado da mãe de Jaque.
A conversa fluiu enquanto comiam e os repórteres falavam sozinhos na televisão.
Jaque agora se sentia como uma criança que ganhou a primeira bicicleta, seus olhos brilhavam pelo novo presente, mas ao mesmo tempo sentia uma certa insegurança, por mais que quisesse aprender a andar logo, tinha medo de cair e se machucar.
Terminaram, a mãe foi dormir, Jaque e Fer lavaram a louça e foram para o quarto.
-E ai, vai me contar quem era no celular?
-Tem certeza de que quer falar sobre isso?
-Se você não se sentir bem com isso, tudo bem, não precisa falar. -claro que ela queria muito saber quem era.
-Ah, era o meu ex. Ele tá correndo atrás de mim agora, como se tivesse se importado comigo quando estávamos juntos.
-Agora você tem a mim, e pode ter certeza que de todas as minhas preocupações, você está no topo da lista.
Elas sorriram, claro que Jaque não estava muito feliz com aquilo, queria ser a única lembrança, a única razão, a única preocupação de Fer, mas estava claro que não era, pelo menos não por enquanto.
Fer esquecia o mundo quando estava ao lado de Jaque, não entendia muito bem, mas ela tinha o poder de anestesiá-la, perto dela, tudo era lindo e tinha uma solução, as coisas faziam sentido.
Justamente por isso tinha desligado o celular naquela hora, não queria que ele estragasse o momento mais perfeito, talvez fosse a palavra certa para descrever aquela noite, mesmo que acreditasse que nenhuma palavra pudesse expressar exatamente o que estava sentindo.
Seu ex nunca a tratou como ela merecia, não a fazia se sentir especial, mesmo se ele tentasse, coisa que acontecia muito pouco, diria até que quase nunca, durante todos os anos que se conheciam, a bajulava apenas quando não estavam juntos, quando isso acontecia, ela até sabia se passar por um cavalheiro. Era o contrário de Jaque.
Só de existir, só de tentar disfarçar o olhar do outro lado da rua Jaque já dava sentido à vida, já a fazia se sentir especial. Naquela noite, se sentia a garota mais feliz do mundo, a mais forte e nada nem ninguém poderia tirar essa sensação dela naquele momento.
As duas se deitaram, seus corpos estavam envoltos de carinho e amor. As mãos passeavam carinhosamente entre os rostos, seus olhares suplicavam por mais, elas se abraçaram, de conchinha.
Sorriam, sonhavam, aquela noite seria lembrada para o resto de suas vidas.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Capítulo 7

As duas foram até a cozinha, Fer se ofereceu para ajudar, mas Jaque negou, dizendo que queria que ela provasse sua comida.

Cozinhar era uma das coisas que mais deixava Jaque relaxada, isso a fazia esquecer dos problemas, parar de pensar na vida e ir para um outro mundo, o mundo dela.

Enquanto a comida fervia no fogão as duas conversavam, em determinado momento Jaque estava fazendo muitas coisas ao mesmo tempo, Fer foi ficar ao lado da mãe de Jaque.

Após terminar a comida e arrumar a mesa, se escorou na parede e ficou olhando para as duas mulheres da sua vida. Fer estava segurando a mão de sua mãe, que estava sorrindo. Ela também sorriu, talvez tenha sido a melhor coisa que aconteceu na vida dela Fer ter aparecido e a atitude mais sensata da sua vida ter atravessado a rua.

Sua mãe a viu encostada na parede e a chamou para perto, Jaque a abraçou. Estava tudo de acordo com os seus mais lindos sonhos.

-Vamos comer?

-Ah, estou morrendo de fome! – respondeu Fer.

Elas se dirigiram até a cozinha, a mãe de Jaque não conseguia levantar, então ela preparava o prato e levava para ela na sala ou no quarto, dependendo de onde ela estava.

Na cozinha elas se serviam uma ao lado da outra.

-Vou ver agora se você já pode casar.

-Ai que medo!

Riram, se olharam, se beijaram.

O celular de Fer tocou, ao ver quem era fez uma cara de desprezo e ignorou a chamada.

-Não vai atender?

-Melhor não, deixa essa noite ser perfeita.

Jaque mesmo sem entender gostou da história de “noite perfeita”.

O celular tocou mais uma vez, ela ignorou a chamada mais uma vez e digitou uma mensagem rápida. Desligou o celular.

Sorriu para Jaque, que não se conformou apenas com aquele sorriso..

-Quem era?

-Ninguém importante.

-Seu namorado? – Jaque estava morrendo de ciúmes e não conseguia mais esconder.

-Eu não tenho mais namorado, eu não quero mais ele. Depois eu te explico direito, vamos lá que sua mãe está com fome.

Jaque gostava desse jeito meio mandão de ser da Fer.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Capítulo 6

O beijo só acabou quando um carro buzinou na frente delas, tentando entrar no estacionamento.

Elas se olharam, lágrimas secavam em meio a sorrisos inconscientes de ambas.

-O que você vai fazer essa noite?- perguntou Fer.

-Preciso ir para casa.

-Mas em plena sexta-feira? Você não vai sair para lugar nenhum?

-Eu tenho que cuidar da minha mãe, ela está doente e precisa de mim.

-Ah, eu queria ficar perto de ti essa noite, eu poderia ir até a sua casa! Posso?

Jaque agora tinha ficado confusa, nunca tinha levado uma menina para sua casa, principalmente com a mãe dela de cama, mas precisava passar mais tempo ao lado de sua menina, que finalmente tinha se tornado sua.

-Claro, pode ir sim.

Aquele dia as duas pegaram o mesmo ônibus, no mesmo lado da rua.

Não houve beijos pelo caminho, as duas estavam com vergonha.

Passaram o tempo todo conversando sobre o presente de ambas.

Jaque contava dos problemas de sua mãe, Fer do problema com seu ex.

A mãe de Jaque tinha adoecido no ano anterior, estava com câncer de pulmão e tinha descoberto já com certa idade, o que dificultava a recuperação, Jaque estava desempregada no momento, elas viviam da aposentadoria de sua mãe e com a ajuda de uma tia que cuidava dela enquanto Jaque ia estudar.

Fer conhecia o seu ex desde que eram crianças, ele sempre quis namorá-la, mas ela não sentia nada por ele. Alguns meses antes daquele dia, ela estava se sentindo sozinha, seus pais nunca se importaram muito para ela e o seu namorado tinha ido morar em outro estado, acabou cedendo à ele. Não queria ficar sozinha e esperava que fosse aprender a amar ele com o passar do tempo.

-Mas você apareceu e eu percebi que eu não poderia aprender a amar alguém, sendo que do outro lado da rua estava a garota que tomava conta dos meus pensamentos.

Depois disso Jaque ficou com vergonha, mas conseguiu responder.

-Eu não conseguia mais pensar em mim, nos meus sentimentos e nas coisas que importavam pra mim antes de te ver ali do outro lado.

Elas se abraçaram. Corações acelerados, mãos trêmulas e corpos nas nuvens.

Chegaram na casa de Jaque, que apresentou Fer como sua amiga para sua mãe.

Jaque se apaixonou ainda mais ao ver Fer conversando com sua mãe, tinha tal delicadeza, tanto carinho, passava tanta esperança para sua mãe, era linda.

Foram ao quarto de Jaque, Fer largou seu fichário na escrivaninha, Jaque jogou sua mochila no chão.

As duas sentaram na cama, uma do lado da outra, deram as mãos.

-Sua mãe é um amor. Adorei ela.

-Ela te adorou também, tenho certeza. Aliás, isso não é muito difícil, né?

Fer ficou sem jeito, as duas riram.

Jaque colocou um CD, começou a tocar More Than Words (Extreme), ela chegou perto de Fer, acariciou seu rosto e a beijou.

A música acabou, elas pararam, Jaque apoiou sua testa na da sua amada.

-Vamos fazer o jantar?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Capítulo 5

Parecia que tudo tinha voltado ao que era antes de ter atravessado a rua naquela noite.
Conseguiu dormir rápido, seu coração estava reclamando, mas ela conseguiu ignorá-lo mais uma vez, se ele não tinha se acostumado com a dor ainda, ela tinha.
No dia seguinte não conseguia se concentrar na aula, assistiu as duas primeiras e saiu da sala.Deitou em um banco lá fora, esperaria o treino daquele dia, nada melhor para aliviar tudo que sentia. Tudo.
Ficou poucas horas ali, deitada, mas pareceram décadas, pensamentos rodeavam sua cabeça, estava decidida a não ficar no ponto aquele dia.
O treino começou, havia muita gente na arquibancada, assistindo, conseguiu reconhecer algumas pessoas, eram de outra turma, imaginou que estavam sem aquela aula e com preguiça de ir para casa, ou algo assim.
Para não pensar besteira tinha que manter ocupada sua cabeça, nem que fosse com assuntos idiotas.
O treino terminou, não iria tomar banho, comprou uma garrafa de água e foi andando para a saída.Enquanto saía, ouviu alguém correndo, olhou para trás.
Não acreditou no que viu, o fichário rosa brilhando contra o sol, não podia ser, deveria estar sonhando.Ficou parada, enquanto os loiros cachos balançavam em sua direção.
Ela chegou perto, talvez perto demais, mais uma vez o coração de Jaque estava querendo sair, dessa vez, o corpo inteiro dela tremia.
Mais uma vez ninguém falou nada.
Fer alternava seu olhar entre a boca e os olhos de Jaque, sua feição parecia assustada.
Se aproximou mais, segurou a nuca de Jaque com uma mão enquanto a outra segurava o fichário. Com a boca entre-aberta puxou Jaque para mais perto dela. Beijou-a.
As duas tremiam, o time estava todo parado, olhando a cena.
Foi só um selinho, Fer logo a soltou e se afastou.
-Desculpa, por isso, por ontem. Eu estou confusa, mas acho que você é quem deveria estar aqui do meu lado, o teu nome é que deveria estar gravado na minha aliança,- Jaque olhou para o seu dedo, nele agora só havia a marca daquela aliança desgastada.- você é quem deveria velar o meu sono, não ele.
Naquele momento todas as palavras que Jaque já tinha pensado em dizer, que já tinha escrito e que gostaria de dizer tinham sumido. Parecia parada na mesma posição desde a hora que virou para trás, queria dizer que precisava fazer tudo isso que ela tinha dito, que precisava dela pra viver dali em diante, que a amava, mas tudo isso pareceu tão difícil naquele momento, que permaneceu calada.
-Ah meu Deus, não era isso que você queria, né? Ah, me desculpa.
Fer saiu correndo, esbarrando seu ombro de leve no ombro de Jaque. Parou só quando chegou na calçada, para atravessar a rua, olhou para trás rapidamente. Jaque já estava vindo atrás, segurou o braço de Fer.
-Você me deixou sem reação, tudo que eu mais quero na minha vida agora é que você faça parte e dê algum sentido para ela, eu não quero que você atravesse essa rua agora, eu quero você do meu lado.
As lágrimas que escorriam pelo rosto de Fer agora caíam no mesmo ombro em que esbarrou, sentiu-se tão protegida envolvida pelos braços de Jaque.
Dessa vez, o beijo foi mais intenso e mais demorado.

Capítulo 4

Aquela noite talvez tenha sido a mais fácil de todas desde que sua mãe tinha adoecido.
Se sentia mal por sua mãe, claro, mas agora, depois de tanto tempo, conseguia sorrir de novo. Com tal bom-humor conseguiu fazer também sua mãe sorrir.
Pegar no sono que foi o desafio, deitou em sua cama e ficou olhando para o teto, a imagem dela não saia de sua cabeça. Deitou de bruços, finalmente conseguiu dormir. Já passara das 3 da manhã.
Amanheceu. Era terça-feira. Não teria treino aquele dia, apenas aula.
Parecia destino, quando sua aula terminava antes do horário que Fer chegava no ponto do ônibus, ela tinha futebol e saia no mesmo horário dos dias que tinha aula, encontrando a sua menina lá, do outro lado da rua, talvez agora não mais do outro lado.
As horas aquele dia se arrastavam, não via a hora de sair, poder vê-la e melhor, dessa vez, falar com ela.
Finalmente podia sair, foi correndo até a rua.
Ao chegar no seu ponto, reparou que do outro lado tinha um rapaz, o que era estranho, o ponto sempre estava vazio até Fer e seus colegas chegarem, ficou meio em dúvida, não atravessou.
Sentou no banco, suas colegas chegaram e Jaque puxou assunto.
Viu Fer e seus colegas chegarem. Continuou do seu lado da rua, conversando, mas acompanhando ela com o olhar.
Fer não tinha olhado para o outro lado da rua nenhuma vez, ou olhava para baixo, ou para frente.
Olhou mais uma vez para o rapaz, ele estava olhando para Fer, esperando ela chegar até ele.
Não, não podia ser.
Sua menina chegou perto do rapaz, ele lhe beijou.
Jaque poderia jurar que ouviu seu coração se despedaçar naquele momento.
Ao vê-los abraçados, reparou que Fer olhava para ela fixamente, uma lágrima escorreu daqueles olhos que tinha sonhado a noite toda.
Não conseguiu esconder o espanto e a decepção. O moreno atravessou a rua.
-Oi, tudo bem?
-É pra responder mesmo?
Não precisou, como um velho amigo que quer consolar o moreno lhe abraçou, ela apertou-o com força, de seus olhos também caíram lágrimas.
-Você não disse que eles estavam com problemas?
-E eles estavam, eu não sei o que aconteceu, o que está acontecendo, me desculpa.
Ao mesmo tempo que queria matá-lo, Jaque era grata à ele, não teria conseguido nenhum sorriso se não fosse por ele.
-Você não tem porque se desculpar, talvez eu esteja equivocada, talvez ela goste dele mais do que eu gosto dela.
-Hey, não fala isso, você ainda nem teve chance de dizer pra ela o que você sente. Não desista de lutar por ela só porque você viu essa cena, não é justo nem contigo, nem com ela.
-Acho que você está certo, mas hoje eu não atravessarei a rua.
O menino entendeu, se despediu e voltou para os amigos.
Era engraçado, Jaque não sabia ainda o nome do garoto, mas tinha por ele tamanho respeito e gratidão que poderia ser amiga dele para sempre.
Naquele dia, Jaque pegou o primeiro ônibus que passou, deixando sua menina do outro lado da rua, com seu mais novo inimigo.
Dentro do ônibus, os olhares se seguiram.
Mais uma vez o play no aleatório e a música daquele dia era N, Nando Reis e sua triste melodia, não poderia ser mais perfeito para aquele momento.
Naquela noite, não houve sorrisos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Capítulo 3

-Falar comigo? Sobre?
Será que ela realmente não tinha entendido?
-Eu não sei, mas por algum motivo, se eu ficar um dia sem te ver aqui, no ponto, do outro lado da rua, eu não consigo sorrir até te ver de novo, eu sonho contigo, seja dormindo ou acordada. Eu simplesmente não podia mais sorrir sem ouvir a tua voz.
Dessa vez o silêncio foi mais tenso. Jaque estava ficando louca com a espera da resposta.
-Eh, eu não me apresentei, meu nome é Fernanda, mas pode me chamar de Fer.- falou sorrindo, um sorriso tímido, sem graça, mas ao mesmo tempo feliz e lindo, fazia Jaque sonhar.
-Prazer, muito prazer.- enfatizou o muito com certo exagero até, mas estava idealizando a conversa que vinha sonhando a meses.
-Você vai ir comigo pro lado contrário à sua casa mesmo? Ou a gente vai se ver aqui de novo amanhã?- Jaque estava louca para continuar ali, do lado dela, sentindo seu perfume, olhando naqueles olhos, mas tinha que ir pra casa, precisava cuidar de sua mãe.
-Meu ônibus já está chegando, não tem problema se você não for comigo, nós temos todos os dias do resto do ano para conversar aqui.
Ai meu Deus, ela disse mesmo isso? Os olhos de Jaque brilhavam.
-Ok, então a gente se vê aqui amanhã, preciso cuidar da minha mãe.
Sorrisos e mais sorrisos.
O ônibus estava chegando, Fer fez sinal, antes que o ônibus parasse passou a mão pelo rosto de Jaque.
Jaque ficou paralizada mais uma vez, completamente sem ação.
Ao subir no ônibus, Fer disse obrigada.
Obrigada? Agora não tinha entendido nada. Obrigada pelo que? Não tinha feito nada, não pode nem abraçá-la.
Estava confusa, muito confusa. Lembrou das palavras do menino, namorado, ela tinha um namorado. Devia respeitar isso.
Agora, tudo que ela tinha a fazer era se tornar amiga da Fer, estava tão feliz por finalmente saber o nome dela, não poderia tentar ter um relacionamento com ela agora, mas só de estar perto dela já ficava feliz, começou a desconfiar que realmente iria precisar falar com ela direto.
Foi para o seu lado da rua, mesmo agora considerando que o lado certo da rua para ela, era aquele. Já havia perdido vários ônibus, o próximo provavelmente demoraria para vir. Mas não importava, pegou seu fone, deu play no modo aleatório. A primeira música a tocar foi Luz dos Olhos, decidiu então, que a partir daquele momento a história das duas teria uma trilha sonora, naquele dia, a música foi interpretada por Cássia Eller, claro que ela não fazia a mínima ideia de que tipo de música sua garota escutava, ela também não sabia que era a "sua garota", mas gostava de como isso soava e continuaria pensando nela assim, mesmo que ela não quisesse.
O ônibus chegou e ela finalmente pode ir para casa, havia bancos vagos, sentou em um daqueles sozinhos, apoiou a cabeça na janela, olhava para o asfalto, olhos brilhando, a música tocando, a imagem da troca de olhares não saia de sua cabeça, ficou indagando se Fer também estaria assim, se também se lembraria dela nem que fosse por um minuto, pensava também no "obrigada". Claro que se pudesse, se tivesse coragem, também agradeceria ela, porque agora, se ela estava com "cara de idiota", sorrindo à toa, devia isso à ela, mas será que o obrigada dela teve o mesmo sentido que o seu teria se o tivesse dito?
Seu coração finalmente se acalmou um pouco, ainda batia forte, mas agora batia apenas pela lembrança. Não só o coração, seu mundo agora se movia pela lembrança.

Capítulo 2

Ficou sentada, agora parecia estar ainda mais nervosa, nem tinha chego perto dela ainda.
A menina virou o rosto em sua direção, arrumou o cabelo, Jaque pode ver a aliança desgastada em seu dedo. Ela também parecia nervosa, ainda não tinha olhado em seus olhos, não deu tempo, a loira logo virou de volta, estava conversando com mais duas meninas. O que provavelmente tinha sido a desculpa que Jaque estava usando para si mesma para o fato de ainda não ter levantado e dito um oi qualquer.
O ônibus estava se aproximando, os colegas da menina começaram a fazer uma espécie de fila para entrar.
Jaque estava com a passagem na mão, continuava sentada, observando ela, que procurava quase histéricamente pela passagem, não a achava, sentou ao lado de Jaque, mas sem dar atenção à ela.
Deu para sentir o perfume do creme mais uma vez, agora sim teve certeza de que o coração pularia para fora de vez.
Ela sussurrava algumas palavras de raiva. Não dava para entender.
Todo mundo já tinha entrado no ônibus.
Menos as duas, uma revirava a bolsa e a outra estava paralisada.
O motorista já estava reclamando, o moreno estava na porta, ao ver as duas ali mandou o motorista ir que elas pegariam o próximo ônibus, já que ele não demorava.
O motorista fechou a porta e arrancou.
Fer levantou e tentou correr atrás do ônibus, em vão, sua bolsa caiu no chão e a alça enroscou no seu salto agulha.
Jaque riu, tinha entendido, e achou lindo o jeito com que ela ria de si mesma.
As duas se abaixaram na mesma hora para juntar as coisas que tinham caido da bolsa, as mãos se tocaram. Fer logo a recuou, olhou para baixo.
Jaque olhava agora fixamente para ela, sabendo que Jaque olhava para ela, ergueu lentamente os olhos.
Pela primeira vez as duas tinham se olhado nos olhos. O tempo pareceu parar naquele instante, não ouviam nada, não sentiam nada, não sabiam de mais nada.
As duas não saberiam dizer por quanto tempo ficaram naquela posição, somente se olhando, diretamente no fundo dos olhos.
Fer finalmente sorriu, Jaque logo respondeu, desviaram o olhar, ainda com o sorriso no rosto, nenhuma palavra até ali.
Terminaram de juntar as coisas, levantaram ao mesmo tempo, as duas seguravam a bolsa e mais uma vez os olhares se encontraram.
Silêncio mais uma vez.
-Meu nome é Jaqueline, mas tu pode me chamar de Jaque, se quiser.
-Você não pega ônibus do outro lado?
-Pego.
Silêncio de novo.
Dessa vez não por muito tempo, Jaque logo riu.
-Eu só vim aqui para, na verdade eu não sei porque eu vim aqui, mas eu precisava falar contigo.
Silêncio mais uma vez.

Capítulo 1

Jaque saiu do seu treino correndo, não esperou as outras meninas, estava com pressa, já estava quase atrasada, foi ao vestiário e tomou uma ducha rápida. Se arrumou e foi sentar naquele banco que sentava todos os dias só pra ver ela saindo da faculdade, segurando seu fichário rosa entre os braços com tamanha delicadeza, sorrindo com seus colegas.
Era o que fazia sentido pra ela naquele momento, ver aquele anjo sem asas passar. Sua vida tinha se tornado um inferno e ela só queria voltar a sorrir.
Não tinha certeza se aquela linda menina sabia de sua existência, mas necessitava vê-la, sonhava com elas de mãos dadas, passeando em um parque qualquer, como quem não precisa se preocupar com mais nada porque tinham uma à outra.
Naquele dia, Jaque ficou olhando fixamente para ela. Sorria. A menina olhou pra ela por um instante, abaixou a cabeça como quem evita algo. O sorriso sumiu.
Jaque não entendeu, nunca tinha falado com ela, mas achava que ela era a mulher de seus sonhos.
Continuou seguindo-a com o olhar, ela e seus colegas pararam no ponto de ônibus do outro lado da rua.
Jaque naquele momento, inconscientemente, tomou uma coragem que não saberia dizer depois de onde surgiu e foi até o outro lado da rua.
Chegando lá, seu coração estava tão rápido que achou que teria um taquicardia.
Não sabia se era paranóia, mas todos parecia quietos e olhando para ela, menos a menina.
Estava olhando o cabelo dela, agora de perto, meu Deus, era lindo, os cachos loiros pareciam que tinham vida própria, o brilho era fantástico e de longe dava para sentir o cheiro de frutas do creme para pentear.
O banquinho do ponto estava vazio, Jaque sentou, ansiando para que a menina dos seus sonhos sentasse do seu lado.
Expectativa em vão, ao seu lado sentou um amigo dela, um jovem, não deveria ter mais de 19 anos, moreno, alto e com um sorriso contagiante. Sem tirar o sorriso do rosto, olhou para Jaque e disse oi. Jaque ficou meio confusa, estava prestando atenção na sua menina e não esperava que alguém fosse falar com ela.
Virou para ele e deu um oi com um tom de interrogação. O moço estava com vontade de soltar gargalhadas, isso era visível, mas estava se controlando. Perguntou:
-O que te trás ao lado contrário o qual você pega o ônibus?
Aquela pergunta veio para Jaque como uma facada no peito. Será que ele sabia? Se sabia, como sabia? Era tão óbvio assim? Não, não poderia ser.
Ela ficou com a boca aberta procurando uma resposta, mas nada veio, quando tentou soltar algumas palavras aleatórias, ele a interrompeu.
-Não precisa falar, eu sei. Estou aqui justamente por isso.
-Como você sabe? -Jaque estava mais confusa ainda e seu coração batia mais rápido.
-Ficou meio óbvio, eu vi o jeito que você olha para a Fer- ele apontou para a loira- e estou meio a fim de te ajudar.
-Me ajudar? Como? -Porque ele a ajudaria? Nunca tinha a visto mais gorda.
-Eu sou amigo dela, e ela está com problemas com o namorado.
-Namorado? -Quase gritou, estava surpresa e decepcionada ao mesmo tempo.
-É, mas como eu disse, ela está com problemas com ele e já teve um relacionamento com uma menina, são dois pontos para você.
-E como você vai me ajudar?
-Já te ajudei muito, mas vou fechar minha ajuda com chave de ouro -ele fez uma pausa que pareceu uma eternidade- ela já perguntou se alguém de nós conhecíamos você e ela já te viu jogando, me pareceu um pouco "boba", se é que tu me entende.
Jaque soltou uma risadinha, era tudo que ela precisava, ignorando o fato de que morria de vergonha e tinha medo de levar um não. Agora estava disposta a pegar o mesmo ônibus que eles e ir para o lado contrário só para tentar conversar com ela.
O menino levantou, não disse mais nada e piscou para ela, voltou a falar com umas pessoas que estavam ali.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um dia acreditávamos que Papai Noel existia, que ele andava num trenó e de fato só dava presente para as crianças que se comportavam.
Acreditávamos na Fada dos Dentes, e toda vez que um dente caía, ansiávamos a noite toda para que de manhã o dente tivesse sido trocado por alguns trocados.
Achávamos que o Coelhinho da Páscoa entrava em nossas casas e deixava os ovos de chocolate, comia a cenoura que deixávamos para ele e ia embora.
Também tínhamos medo do bicho-papão, ele estava sempre embaixo da cama ou dentro do guarda-roupas.
Sabíamos de onde vinham os bebês: das cegonhas que traziam eles enrolados em um pano branco preso a seus bicos.
Escutávamos contos de fadas, e achávamos que aquilo poderia vir a acontecer quando crescêssemos, não fazíamos a mínima ideia do que era o amor e mesmo assim sonhávamos com ele.
Os anos vão passando, a gente vai crescendo, achando que está grande e vamos deixando de acreditar em todas essas coisas.
Sabemos que os presentes de Natal e os ovos da Páscoa são coisas de nossos pais, não temos mais dentes de leite para colocar embaixo do travesseiro, aprendemos na escola como os bebês são feitos, deixamos de ter medo do bicho-papão e passamos a ter medo de pessoas.
E muitas vezes, descobrimos que o amor não tem nada a ver com o que foi dito naqueles contos de fadas.
E geralmente estamos brigando com nossos pais. Hey, você já parou alguma vez na vida para agradecer à eles por terem alimentado sua fantasia?
Eles fizeram tudo isso pensando no teu bem, tentando de proteger de um mundo injusto e vingativo que vivemos, e você chama isso de criancisse?
Não perca nenhuma oportunidade de dizer para eles o quanto você é grato por eles terem feito o melhor que podiam para você crescer forte, saudável e inteligente.
Dê motivos para que eles possam se orgulhar de você, mas nunca esqueça de ser exatamente quem você é.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sinto dor.
E pior que sentir essa dor, sinto que ela não é compreendida por mais ninguém no mundo, talvez nem por mim mesma.
E tamanha é a minha dor, que acho que eu não consigo nem explicá-la.
Talvez a visão embaçada por lágrimas que escorrem de meus olhos e percorrem meu rosto até cair quase em cima do teclado, do qual não consigo tirar as mãos de cima tenham um pouco a dizer sobre ela.
A minha voz trêmula pela insegurança que ela me passa toda vez que fala daquele jeito comigo, me julgando, me transformando a culpada de todas as coisas erradas que acontecem no mundo dela, que convenhamos, é um mundo só dela no qual eu já não me encaixo mais e ela já percebeu antes que eu, o nó que se forma na minha garganta toda vez que toca alguma música que me lembre daqueles sentimentos e todos os minutos que desperdicei em silêncio observando-a, sonhando com o nosso futuro saibam como explicar a minha dor.
A minha dor não tem forma, a minha dor é igual ao amor, não se pode ver, não se pode tocar, mas dá pra sentir, e toda vez que a sinto no ápice da sua força, tenho vontade de morrer.
Tenho raiva de meu corpo, que incapaz de transformar essa agonia em um repleto silêncio letal continua sofrendo a cada ligação.
Tenho raiva de meu coração, que idiota continua amando.
Tenho raiva da minha razão, que contraria meu coração e cada vez mais me dá certeza de que isso tudo está errado e de que eu estou cometendo o maior erro da minha vida.
Tenho raiva da minha doença, que me impossibilita até de fazer as coisas que ilusoriamente pareciam amenizar a dor. Incapaz de tragar qualquer fumaça, o vazio daqui de dentro continua. Tenho raiva de meu organismo, que por tentar me livrar da enfermidade ficou fraco a ponto de passar mal com uma lata de cerveja, hey organismo, eu não pedi para estar bem.
Espera ai, a minha dor é igual ao amor ou minha dor vem do amor?
Eu não sei o que é amor, o meu amor é uma coisa doentia, mas eu acho que mais ninguém no mundo sente isso por mim também.
Paixão, de tantas as vezes que eu escrevi sobre ela, 90% me referia à mesma paixão, a minha paixão maior, a única por quem eu mataria, a única que me mata não acreditando, a única que me mata.

A minha dor não vai passar, mas estou indo tentar aliviá-la.

Glicose

Gostaria de registrar aqui, para fins indefinidos, a minha aversão à essa substância maldita.

ficaadica

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Vende-se um coração. Semi-novo. Com algumas falhas, mas fácil de ser reparado.
Pouco tempo de uso, poucas cicatrizes, quase não são visíveis.
Um coração que trás muitas lembranças e, sinceramente, pouco espaço restante.
Um coração orgulhoso, que já acelerou muitas vezes com alguns abraços, que muitas vezes quis sair daqui de dentro só pra ter mais espaço pra tentar mostrar pro resto do mundo o quanto ele estava feliz.
É um coração que muitas vezes se sente sozinho, que muitas vezes sente falta de sentir o pulsar de um outro coração colado à ele.
Mas um coração que já está conformado com as coisas mais simples. Um coração que agora, só precisa de uma amizade para poder ficar em paz.
O mesmo coração que implorou por um outro amor, pelo mesmo amor, por qualquer amor.
Hoje, só um coração que quer adrenalina, que quer se contentar apenas com alguma coisa que faça mais sentido que o amor.
O preço? Bom, pensando bem, não tem como estimar um preço para este coração.
Talvez não seja uma boa ideia vendê-lo.
Provavelmente o comprador iria querer devolvê-lo. Trocá-lo. Talvez o comprador não conseguisse ignorar as cicatrizes que ele apresenta.
E eu não conseguiria mesmo estipular um preço. Pelas lembranças e pelo o que tem dentro dele, pelas vezes que ele ainda aceleraria, o preço deveria ser alto, mas pelos peças que ele pode te pregar, pelas vezes em que ele poderia fazer você derrubar lágrimas, ele não valeria nada.
Não, acho que não preciso me desfazer dele.

domingo, 25 de julho de 2010

Me sinto um artista fracassado, à frente de um palco com uma platéia vazia.
Abrindo os braços, agradecendo o carinho de meu público que não existe.
Sussurrando palavras em latim, que às vezes me esqueço o que significam.
No fim do drama do meu show, me vejo sozinho com a taça na mão, esperando pelos aplausos, só ouço o som da pólvora estourando, silêncio.

sábado, 17 de julho de 2010

Solidão

Eu acho que todo ser humano que tem algum tipo de sentimento já se sentiu completamente sozinho alguma vez na vida.
E hoje eu descobri que pior que se sentir completamente sozinho, é deixar que alguém que você ama se sinta completamente sozinha.
Eu fico confusa quando tenho que escolher o pior sentimento do mundo, assim como o melhor, mas estamos falando hoje sobre sentimentos "ruins".
Porque eu odeio sentir saudades, mas eu também acho que a saudade tem um lado positivo. Como eu sempre disse, a saudade vai fazer com que tu saiba o que realmente tu sente por aquela pessoa, e se você realmente tiver apego à ela, quando você for matar essa saudade, não terá sensação melhor.
A solidão, eu quando me sinto sozinha penso em muita besteira, imagino coisas que não são de modo nenhum legais para mim, é algo que definitivamente me deixa para baixo, mas por outro lado, é um tempo que eu tenho pra mim, para fazer coisas inúteis, como jogar video game ou assistir um seriado, além de relembrar momentos bons (e ruins) e me fazer pensar neles e em porques.
Culpa, acho que é o sentimento que em mim causa mais desespero, quando se pensa "caralho, verdade, foi culpa minha" e não se tem nada para fazer.
Medo, porque dependendo do que tu tem medo, pode ser o que causa outros sentimentos fodas, angústia principalmente. Às vezes é pior do que o que tu tem medo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Noites de Tempestades

Pensando bem eu não sou nem metade corajosa do que eu pareço ser.
Eu tenho medo de muitas coisas, tenho medo de ficar sozinha, de não ter ninguém com quem contar, tenho medo de sentimentos e hoje, com os raios e gotas violentas de chuva que estão caindo lá fora, me lembrei do quanto eu tenho medo de noites de tempestade.
Na verdade não sei exatamente se é um medo, parece ser alguma coisa mais psicológica, mais traumática, eu me lembro de uma forma estranha, somente de detalhes que não fazem sentido de noites em que cruzei estradas dentro de um carro. Mãos no vidro, desenhos feitos no vidro embaçado, angústia, talvez caiba melhor nessa definição do que medo.
Meu coração está disparado, eu não sei porque, não sei se tem alguma coisa a ver com o problema de saúde que eu estou enfrentando, mas sinto como o dia em que ansiei para que ela atendesse o telefone, e foi só ela atender pra esse nó sumir.
Agora não, a chuva está mais calma, mas eu não.
Talvez eu ainda esteja esperando aquele telefonema, aquelas palavras.

Nesta noite eu estou me sentindo mais sozinha do que eu já me senti em toda a minha vida, meus olhos estão cheios de lágrimas e eu não tenho ninguém, absolutamente ninguém pra segurar a mão, para dar um abraço.
Olho para o lado, para o celular, para o msn, nada.
Vazio total, nenhuma mensagem, nenhuma chamada.

Eu queria passar um tempo sozinha, mas completamente sozinha, sem ter que lembrar de que eu não posso ter as coisas e as pessoas que eu quero por um erro meu, talvez.

Era disso que eu tinha medo, de me sentir sozinha mais uma vez, e desta vez, em perigo.

"Lágrimas e chuva molham o vidro da janela
Mas ninguém me vê"

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Greve de novo...

Porque eu sou fraca (Y)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Flávio estava quase fechando o bar, perguntou o que ela faria agora.
Não sabia, não sabia pra onde iria, não sabia o que fazer, não sabia pra onde ir. Queria dormir, mas era orgulhosa demais para dormir na sua própria casa ou na casa de algum amigo, como Flávio estava oferecendo.
Com o bar fechado Ruth pegou o carro de novo, deu mais algumas voltas, no rádio tocava aquelas músicas que Mari tocava no violão, lembrava da voz dela, aquela voz delicada mas que ao mesmo tempo transmitia tanta certeza, tanta segurança para ela. Logo as lágrimas escorreram no seu rosto. Fazia tempo que ela não chorava, não demonstrava seus sentimentos, tinha de ser forte.
Encostou o carro numa rodovia, o álcool não a deixava dirigir, acabou pegando no sono ali mesmo, no carro, num lugar que não sabia onde era. Só queria sonhar, parar de pensar nisso tudo.

Mariana acordou com o telefone tocando, seu estômago roncava, não tinha forças para levantar.
O telefone parou de tocar, ela fechou os olhos novamente, foi a vez do celular vibrar.
Esticou a mão, pegou-o, não reconhecia o número, atendeu.
Do outro lado da linha era uma homem, tinha uma voz jovem que tentava parecer adulta, séria.
Eram 7 e meia da manhã, o homem perguntou se ela era parente de Ruth, seu corpo arrepiou inteiro, não estava entendendo, mas estava com medo.

-Sim, sou a mulher dela, algum problema?
-Mulher? -respondeu a voz, meio sem entender- Sinto informar, Ruth sofreu um acidente de carro, estava sozinha, achamos seu número no celular dela. Você pode vir até aqui?

Acidente? Como assim acidente? Agora de vez uma angústia tomou conta das emoções dela, seu corpo amoleceu, talvez tivesse caído se não estivesse deitada. Não podia ser verdade, Ruth nunca tinha se envolvido em um acidente, era muito cuidadosa no trânsito, simplesmente não podia ser verdade.
Estava sem palavras, o silêncio incrivelmente se apoderou do lugar, até a televisão que estava ligada desde o dia anterior parecia em silêncio.

-Mas, mas ela está bem? - Foi a única coisa que saiu no momento.

O moço não respondeu claramente, apenas insistiu na presença dela no hospital, passando o endereço.
Mari pegou um táxi, já não tinha mais unhas para roer, nem dedos para estralar, estava nervosa, assustada, angustiada, com medo. Só queria poder abraçar o amor dela naquele instante.
Chegou ao hospital, falou com a recepcionista.

-Você é parente?
-Sim.
-Qual o grau de parentesco?
-Somos casadas.
-Eh, desculpe, mas eu só posso liberar parentes de sangue ou o cônjuge mediante união civil.

O problema delas: tinham lutado tanto para conseguir a papelada, mas não tinha dado certo e estavam dando um tempo de tribunais.
Mari armou um barraco ali, não sairia sem ver Ruth, sem tocar nela, de jeito nenhum.
Conseguiu entrar, enganando os outros funcionários, estava preocupada demais para pensar em quão preconceituosos eles estavam sendo ali.
Passou-se por prima, conseguiu finalmente entrar no quarto onde estava Ruth.
Vê-la deitada ali naquela maca foi doloroso, sentiu-se tão inútil, porque não tinha sido ela ao invés da amada? Depois sentiu-se culpada, se não tivesse feito a besteira que fez Ruth não teria saído aquela noite, elas estariam embaixo no edredom assistindo um bom filme com uma boa taça de vinho.
Era tarde demais para culpa ou para remorso.

Chegou perto da maca, Ruth estava desacordada, tinha vários curativos nas partes do seu corpo que estavam à mostra, ficou ali parada, olhando para ela, sentindo uma vontade monstra de chorar, mas contendo, não queria estar com o olho mais inchado se Ruth acordasse ali.

O médico finalmente apareceu.
Aqueles óculos, o jaleco branco, o estetoscópio pendurado no pescoço e a prancheta na mão eram estranhamente assustadores.
Mais um profissional enganado, Mari se identificou como a única prima que Ruth tinha na cidade.

-Pelo amor de Deus doutor, ela está bem, não está?
-Está muito bem considerando a gravidade do acidente e o estado em que o carro ficou.
-Depois eu me preocupo com o carro e com o que aconteceu, quero que me diga como ela está.
-Bem, um braço e uma costela quebrados e vários hematomas espalhados pelo corpo, nada que a ponha em risco ou que você tenha que se preocupar.

Aquilo foi um alívio, mesmo sabendo quanto ela sofreria pelos dias que teria que ficar sem a academia, sem os jogos de vôlei e a dor que ela iria sentir, ela estava viva, ali, com saúde, era só isso que importava.

[Continua...]

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quando saiu do banho ainda sentia seu corpo tremer, tinha certeza de que nunca havia chorado tanto quanto naquele dia.
Sabia que tinha culpa, mas não era para acabar daquele jeito, não podia ser assim.
A angústia e a dor tomavam conta do seu ser, estava passando mal, mas não sabia exatamente o que era.
Abriu o guarda-roupas, última gaveta, dentro de uma lata, misturada a cartas e papeis de balas estava a carteira de cigarros.
Pegou-a, tinha prometido um tempo atrás que não fumaria mais. Mas estava perdida ali naquela hora, analgésicos e calmantes não estavam funcionando. Achou que a nicotina lhe faria bem, faria esquecer.
Acendeu um cigarro, ligou a televisão, deitou na cama, no seu lado da cama, abraçada ao travesseiro de Ruth deu uma longa tragada, na televisão passava algum noticiário, mas doia muito se mexer, qualquer movimento parecia que rasgaria seu corpo, as palavras não entravam na sua cabeça, ela tentava se concentrar em alguma outra coisa, mas absolutamente tudo lembrava algum daqueles momentos mágicos que elas passaram durante aqueles quatro anos que compartilhavam aquele sentimento doentio.
Já não aguentava disfarçar a dor com o silêncio, Mariana soltou todas as lágrimas que conteve até ali, soluçava, o travesseiro estava encharcado, os olhos inchados, o cigarro se apagou, tinha chegado ao filtro, largou a bituca no chão, desmaiou.

Eram quase nove horas da noite e Ruth estava a alguns quilômetros do apartamento, sentada em um bar de seu amigo, Flávio.
Já não sabia quantas doses já tinha tomado, no balcão seu copo só tinha gelo, o álcool estava tomando conta de seu psicológico. Estava conseguindo esquecer Mariana, ou pelo menos queria que estivesse conseguindo.
Flávio se negou a servir mais bebida, ele sabia do drama das duas e achava errado.
Ruth tinha viajado a negócios uma semana atrás, Mariana ficou na cidade, foi a uma festa, bebeu e acabou transando com um homem no qual nem o nome ela sabia.
Ruth ficou sabendo da história naquele dia, foi pra casa, fez com que Mariana falasse a verdade pra ela.
Pareceu mais doloroso ouvir da própria mulher da vida dela que ela tinha mesmo feito aquilo do que da boca de outra pessoa. Era humilhação demais, Ruth pegou uma mochila com algumas peças de roupas e foi rodar a cidade, dirigir lhe acalmava, acabou parando no bar de Flávio.
Estava confusa, porque Mari tinha feito aquilo com ela, se a anos trocaram voto de fidelidade?

Mariana namorava um rapaz antes de se apaixonar perdidamente por Ruth. A química foi tal que não foi preciso perguntas. Mesmo confusa com um sentimento novo por alguém tão inesperado, Mariana sabia que aquilo era o certo, que elas tinham nascido para se completarem. Ela não era lésbica, era apenas Mari que amava Ruth.

Ao contrário de Mari, Ruth era reservada, nunca teve muitos relacionamentos e os que teve levou-os a sério, tanto que ela nunca terminara com ninguém.
Nesse dia não foi preciso palavras. Se ela as tivesse encontrado ainda poderia dizer alguma coisa, mas ela não sabia nem o que fazer, quem dirá o que dizer.
Mari seguiu Ruth até o carro, falando, se desculpando, tentando explicar o que realmente tinha acontecido. Mas claro que de nada adiantou, Ruth não queria ouvir nada, e mesmo que quisesse, não conseguiria. Traição era o fim e isso foi sempre muito claro.

[Continua...]
Sabe o problema de não ter tido um pai presente como as outras pessoas têm?

Tu não aprende a dirigir antes de ir para uma auto-escola!

=S


(Logo posto um conto aqui)

domingo, 23 de maio de 2010

Não confunda preconceito com atitude (8)
Cansei da pergunta "porque a vida tem que ser tão difícil?".

Ela nem é tão difícil assim, na verdade, ela é simples, são as coisas que a deixa difícil.
Sentimentos principalmente. Meu eterno conflito.
Porque sentimentos bons são ainda mais complicados que sentimentos ruins.
Sua vida não fica uma bosta por você estar com raiva de alguém, ela fica uma bosta quando você está amando alguém.

Porque vocês pessoas que vivem se perguntando esse pequeno porque simplesmente não param de se perguntar e fazem alguma coisa para que a vida pareça ser um pouco mais fácil?
Eu sei que não é fácil, mas o difícil está na sua cabeça.
(Já estou confusa com tantos fáceis e difíceis D=)

Será que se as pessoas pararem de se preocupar tanto com isso, tanto com o seu futuro e tentassem mais fazer com que as coisas do presente tenham um sentido no amanhã o mundo não estaria mais em paz?


P.s.: Eu recomendo o filme Um Lugar Chamado Notting Hill, porque apesar de ser mais uma daquelas clássicas comédias românticas, eu achei bacana a ideia. (Fora o fato de que Julia Roberts é diva.)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A minha vontade de contar toda a verdade pra minha mãe está me matando.
Estou sentindo uma angústia no peito, porque eu sei que é uma verdade que corrói.

Eu não tenho medo de ser julgada, eu não tenho medo que o mundo me odeie porque eu amo alguém que eles dizem que eu não deveria amar.
Eu tenho medo de perder a amizade da mulher da minha vida, da pessoa que mais importa pra mim, daquele que me gerou, que me carregou 9 meses dentro de si, que derrubou lágrimas por mim, que sorriu ao me ver andar pela primeira vez, ao me ver sorrir pela primeira vez.

Porque a única coisa que me importa é o que ela vai pensar.
É se ela vai continuar me amando, me respeitando como ela faz hoje, sem saber que eu sou diferente daquilo que ela sonhou pra mim, que eu sou diferente das outras meninas.

Eu não devo satisfação da minha vida para ninguém, nem para ela.
Porque eu deveria fazer as coisas que eu gosto de fazer com quem eu gosto livremente.
Mas nós estamos numa sociedade corrompida por valores fictícios que algum idiota pregou.

Eu também sou humana, talvez mais humana que muito heterossexual por aí.
Eu só quero poder andar de mãos dadas com a pessoa com quem eu amo.
Poder beijar aquela pessoa que eu quero do meu lado a qualquer momento, sem ter que me esconder.
Poder constituir uma família, ter filhos e registrá-los com o nome das mães deles.

O que tem de errado nisso?




Cara, tem coisa mais criativa?
asuhasuashasuhuas

Eu amei muito³ *---------*

/piadadenerd
Surgiu um papo sobre perfeição lá no colégio esses dias, achei um bom assunto pra tentar escrever alguma coisa que presta de novo.

Todo mundo diz que perfeição não existe. Mas ela existe sim.
Claro que para cada um ela tem um formato diferente, um estereótipo diferente, mas ela está sempre presente.

Quando você se apaixona por alguém, esse alguém não se torna perfeito pra você?
Não existem momentos que você considera perfeito?

Cada um tem uma ideia de perfeição formada, que geralmente vai mudar considerando a outra pessoa.
Porque sempre vai aparecer alguém, algo ou algum momento mais perfeito que a última coisa ou pessoa que tu chamou de perfeito.

Perfeita pra mim são minhas asas, agora que eu não fiz, porque eu sei que quando eu as fizer, vai parecer que elas poderiam ser melhores =)

sábado, 15 de maio de 2010

De tantas vezes que estou me perdendo e me achando, será que alguma delas vai valer a pena?
Mais um sentimento bombando aqui no meu peito, e o incômodo dessa vez é uma coisa meio parecida com indignação, estou meio inconformada, surpresa e chateada.

Onde vamos parar se não há confiança?
Estou falando de relacionamentos mais uma vez.
Se as duas ou os dois confiam um no outro, o relacionamento perdura muito.

Ciumes é uma coisa completamente compreensível e saudável, mas doentio?
Só porque eu fico horas no msn não significa que eu dê em cima de todas as meninas que eu tenho adicionada.
As coisas não funcionam assim comigo, posso estar apaixonada, amando, obcecada, qualquer coisa do gênero, mas eu não vou largar a minha vida social por isso.
Não vou deixar de falar com pessoas que eu gosto de falar porque a bonita não quer e dá piti. Pooor favor né?

Às vezes eu acho que é por isso que por mais romântica que eu seja, eu não estou namorando o tempo todo.
Pelo lado negativo da parada, é, namoros tem mais lados ruins do que se pensa, e muitos deles aparecem antes mesmo da separação.

É comum o "não confie em ninguém", eu até que concordo, sabe.
Citando exemplo: o filme As Melhores Coisas do Mundo, o colégio fica sabendo que os guris têm um pai "viado" porque a mãe deles contou pra mãe de outro aluno na reunião de pais.
A mãe deles diz "nunca imaginei que ela fosse contar".
Realmente nesse ponto faltou a mãe conhecer a pessoa a qual ela contou.
Aí chega o ponto: não confie e muito menos desconfie de uma pessoa que tu mal conhece.

Você só vai me conhecer mesmo após uns 2, 3 meses.
Ou se a química for tanta, pode ser que em duas semanas você já tenha conhecido minha insegurança, minha carência e a minha risada espontânea.

Sei lá mano, acho que o início de um relacionamento é construído de paixão, presença e confiança.
Coisas que estão faltando no momento.

domingo, 9 de maio de 2010

Tive que abrir uma excessão hoje para prestar minha homenagem à todas aquelas mulheres que já carregaram uma vida (que se torna a sua própria vida) durante nove meses dentro de si.
Não só para aquelas que já concretizaram o sonho de ser mãe como à todas aquelas que já consideraram a ideia, que já planejaram e não deu certo por algum motivo e todas aquelas mulheres que têm sentimentos de mãe.

Porque o sentimento que as mães sentem com toda a certeza do mundo é o mais puro, o mais sincero, o mais inocente.

Mães não amam querendo alguma coisa, mães não amam com segundas intenções.
Mães sempre pensam no melhor para o seu filho, por mais que os filhos discordem que aquilo que elas acham que é melhor para eles seja realmente o melhor para eles.
Mães esperam ser as melhores amigas dos filhos, mesmo que elas não consigam.
Elas estarão sempre ali por perto, sempre vão querer ser quem enxuga suas lágrimas.

Parabéns também à aquelas mulheres que se tornam mães mesmo sem poder, aquelas que adotam.
São mulheres corajosas, mulheres dispostas à dar amor àquelas crianças que não têm alguém pra aconselhar, pra dizer que a ama.
Para aquelas mães que perderam seus filhos por alguma injustiça da vida, dor inestimável.

A pessoa que mais vai dedicar parte da sua vida, a pessoa que vai te amar independente do que tu faça, ou do que tu seja.

Não esqueça de dizer para sua mãe o quanto você a ama, sempre que tiver oportunidade.

Parabéns mães.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

ESTAMOS EM GREVE

BUSCAMOS MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA, NOVOS SENTIMENTOS E NOVAS MOTIVAÇÕES

FECHADO ATÉ SEGUNDA ORDEM
Ai paixão, paixão, lá venho eu de novo falar sobre essa coisa.

É bom, muito bom estar apaixonado, mas como tudo na vida essa coisa boa têm seus lados ruins.
Tempo, é uma bosta estar apaixonado e não ter tempo.
Coragem, sempre precisa ter coragem pra enfrentar sentimentos, paixão correspondida ou não é sempre um dos sentimentos que mais exige ela, a coragem.
Força, porque ciúme está presente e você tenta não demonstrar (eu pelo menos).
Você sente falta e não pode escancarar isso pro mundo por algum motivo.
Cara, qual é o problema da sociedade hoje com o amor?
Eu amo quem o meu coração mandar e ninguém tem nada a ver com isso!

Na minha opinião, as pessoas que têm preconceito é porque são o que recriminam, mas não tem coragem de assumir, porque são fracos ou ignorantes.

Se eu quiser encher uma camisinha no meio da rua e tratar ela como meu filho, o problema é meu, se eu ajo como uma criança às vezes, faço brincadeiras idiotas, faço piadas sem graça, o problema é meu.

Faltarão posts aqui, pois dentro do meu coração sentimentos estão se colidindo causando imensa confusão, peço desculpa pelo transtorno.

Obrigada.

domingo, 2 de maio de 2010

Sabe que as vezes é tão fácil confundir sentimentos...
Você pode não ter certeza do que tu está sentindo e até achar que tu sente algo sem ser aquilo realmente.
E isso é bem mais comum do que se pode imaginar...

As coisas as vezes se tornam confusas, existem fatores que influenciam em pensamentos e decisões.

A paixão...
Na minha opinião o sentimento mais confuso que existe, você pode muito bem achar que está apaixonado por alguém sem estar, comum confundir paixão com atração.
Por mais parecidas que elas sejam, certo?
As duas são passageiras, a não ser que tenha um complemento que faça com que tu queira que continue, sem mudar, talvez melhorando um pouco, mas sempre com a mesma receita, a mesma bula.
Palavras, olhares, gestos... Coisas simples que podem foder a tua vida de vez, meu irmão! Hehehe
Mas sabe que depois de tudo no fim vale a pena, por mais doloridos que tenham sido os finais de paixões ou atrações... Elas vão te trazer pelo menos alguma lembrança boa.
Só de tu ter tido a coragem de ter se entregado, ter feito algo para que acontecesse, valesse a pena e fosse lembrado você merece uma consagração.

Porque fracos são aqueles que não admitem que querem, que tem vontade!
Se joga!

Se estiver apaixonado, não tenha medo. Não tenha medo de falar, de agir, de parecer um idiota, de que não valha a pena, tu nunca iria saber se teria valido a pena se não tivesse arriscado!

A vida é muito curta para se preocupar com o que está pela frente. A vida é muito injusta para você planejar as coisas como você quer que elas sejam. A vida será muito chata se você não viver ela hoje, como se o mundo fosse acabar logo.

Não tenha medo! O medo é um dos sentimentos mais baixos que existem e geralmente desencadeia os outros sentimentos ruins que ninguém quer sentir, mas que boa parte não faz nada para não senti-los.

É hora de falar, admitir, cantar, gritar, enlouquecer, gozar, correr, amar, fazer tudo aquilo que você quer fazer mas nunca teve coragem.

Se apaixone! Não é tão ruim assim, faz você se sentir vivo.

Ame! É sempre bom ter alguém para quem você pode recorrer.

Grite! Coloque pra fora tudo aquilo que está entalado na sua garganta.

Imagine! Largue sua imaginação, só não tire seus pés do chão. Se for tirar, não se esqueça da realidade.

Cante! E daí que tu não mantém o tom? Ninguém quer ser melhor que você.

Viva! Por favor, não deixe para trás seu bem mais precioso, faça por merecer essa coisa que lhe foi concedida, mesmo que não seja por um objetivo.
É incrível o poder de um sorriso, não?

=DD
Acabei de voltar do cinema, fui assistir o filme brasileiro As Melhores Coisas do Mundo.
No princípio eu achei uma bosta, rola todo um preconceito no começo, mas eu achei o final digno.
O filme valeu pelo final, confesso que quase chorei em duas partes do filme.
Acho que eu me identifiquei um pouco.
O Fiuk tava lindo, eu virava hetero por ele /alok. ashasusahuas
Não gosto dele, nem como cantor, nem como ator, nem como pessoa, mas acho ele lindo mesmo assim.

Enfim, foi um filme que englobou as diferenças e o amor num assunto só.
O "pai viado" e o cara que quase morreu de amor.

Acho tosco filmes que falam sobre perda de virgindade, até porque eles tratam os virgens (homens) como se fossem "viadinhos", toda aquela putaria e tal.
Cada vez que eu assisto filmes assim eu sinto mais nojo de homens.
Lógico que não todos, mas heteros mal-resolvidos.

Tinha uma sapatão no filme! *-*

Eu até que recomendo esse filme. No começo dá raiva, mas achei o resto legal.

Realmente, tem horas que o violão é o seu melhor amigo e é pra ele que você vai contar tudo.
Obrigada Neguinha. =)

sábado, 1 de maio de 2010

Realmente essa juventude de hoje em dia tá perdida.
Mas a minoria dela, a parte dos projetos de pessoas que tem preconceito.

Estava a TV agora num canal musical, e começou a tocar Justin Bieber ¬¬'
Eu disse que não curtia e troquei de canal, ele riu, perguntou se ele era gay. Respondi que não sabia, mas que isso não vinha ao caso, porque eu odeio a música dele.
Ele disse que se o Justin fosse gay ele odiaria ele, porque ele odeia pessoas gays e tem sim preconceito.

A mãe dele me julga por causa da cor do meu cabelo.
Minha vontade? Gritar que sou lésbica e continuo sendo um ser humano como eles, aliás, melhor que eles.

Se fala tanto de educação hoje, mas de que adianta ter educação se no meio dos princípios de algumas pessoas falta respeito?
Tomara que quando crescer vire gay e se assuma para o pai! u.u

Eu estou revoltada, me segurei para não responder ele, porque a minha mãe me ensinou que não adianta você discutir com uma pessoa que não tem a mínima noção de mundo ainda.
As pessoas deveriam abrir mais as suas mentes, julgar as pessoas pelo seu caráter, não pela sua opção sexual, isso é ridículo!
Como se a culpa fosse nossa, como se fosse errado amar...

Ah caralho, to revoltada ¬¬
Paixão, mano...
É incrível como não dá pra entender ela.
Não tem um formato específico, não tem um padrão, não tem hora...
Ela pode surgir pela pessoa que tu menos espera que tu vá se apaixonar.
Pode aparecer depois de um tempão, ou à primeira vista.
Pode surgir devagarinho, ou explodir de uma vez.
Faz com que seus sentidos sumam, que a emoção fale mais alto que a razão.

Faz com que a saudade seja o pior sentimento.
Que o mundo fique uma merda sem a pessoa do teu lado.

Eu acho que é o melhor sentimento que existe, o que é melhor do que a sensação de que tem alguém que gosta de verdade de você ali sempre que tu precisar?

É o ridículo da vida, né?
Quer pessoa mais boba que um apaixonado?

Perdi a linha de pensamento, deixa pra lá =)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Tempo!

Todo mundo já ouviu a famosa frase "dê tempo ao tempo" ou "vai passar".
Eu não entendo porque as pessoas colocam a culpa no tempo ou confiam demasiadamente nele.
Eu não acho que o tempo seja o melhor remédio para o fim de um namoro por exemplo.
Amor não vai embora, ele apenas envelhece, como a gente.
Claro que conforme o tempo passa a dor diminui e tal, mas não é só por causa do tempo, existem outras coisas muito mais "poderosas" que farão com que você supere isso.
E a coisa mais poderosa dessas coisas poderosas é você mesmo.
Enquanto tu não quiser estar bem, você não vai ficar bem.
Você só depende de você mesmo, a única pessoa a qual você deve alguma explicação é você mesmo, e nem sempre você vai encontrar uma explicação plausível à você (isso é um caso que na minha opinião leva à loucura, pessoas que se cobram e não conseguem se satisfazer).

Conforme o tempo passa as coisas mudam, isso é fato, mudar é essencial, a vida se torna um tédio sendo sempre a mesma coisa.
Caráter é uma coisa que não deveria mudar, e se mudar sempre pra melhor, mas nem sempre isso acontece.
Eu acho que não se pode culpar a maioria das pessoas que mudam radicalmente, se elas mudaram, teve algum motivo, geralmente as mudanças são influenciadas por fatores externos, por momentos, por sentimentos, por situações...

Clichês...
Como se livrar das frases clichês?
Quando eu estou mal eu não quero ouvir a mesma coisa das mesmas pessoas.
Eu quero atos, eu quero gestos, quero momentos.
Coisas que me façam sentir viva, palavras diferentes, palavras verdadeiras.
Julga-se tanto as pessoas que se cortam, as pessoas que bebem, as pessoas que fumam, que se drogam.
Pense no verdadeiro motivo delas fazerem isso.
"Será que eu ainda sinto alguma coisa?"

O amor é um clichê, mesmo que não seja a mesma coisa com todas as pessoas que você se envolve. É o mesmo sentimento, são os mesmos hormônios que são liberados (malditos hormônios) e para algumas pessoas são as mesmas palavras.

A solidão é a pior coisa que tem, ela te confunde, você geralmente vai expressar o contrário do que tu realmente queria expressar, você vai procurar saídas, já que você não tem ninguém, o que geralmente acaba se voltando de novo para o que a sociedade considera sujo ou errado.

Mundo, como você é complicado!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Eu queria poder sentar ao seu lado, ficar te olhando sem dizer nada.
Sem ser preciso dizer nada, te entender com um simples olhar, saber o que você quer, o que você acha, o que você pensa.

Eu queria poder te dar a mão e sentir todo o afeto, todo o carinho.
Que os pensamentos fossem trocados e cada uma terminasse a frase da outra.

Eu queria sentir o teu calor, te abraçar toda vez que me der vontade de o fazer.
Passar horas embaixo de um edredom fazendo nada, conversando, compartilhando pensamentos.

Eu queria voltar a sentir como se todo o mundo fosse lindo e maravilhoso, como se nada mais importasse contanto que você estivesse do meu lado.

Eu queria poder voltar a usar pronomes possessivos sem ser sua dona, sem te prender ou tirar a sua liberdade.
Apenas ter a certeza de que seu amor é meu.

Eu queria poder te dizer tudo o que eu sinto, todas as palavras bonitas que eu formular a qualquer momento, te ligar de madrugada e ouvir sua voz de sono, ter crises de ciúmes, elogiar cada roupa que você colocar, elogiar cada novo corte de cabelo, cada novo penteado.

Eu queria dizer que você é a razão da minha vida, que você me dá força, que você me dá ânimo. Que nada tem sentido sem você, que a minha vida até o momento foi vaga sem a tua presença.

Eu queria que meus olhos voltassem a brilhar, a ficarem mais claros só de te ver.

Eu queria sentir falta da tua presença, acostumar meu corpo junto ao teu.
Apaziguar meu coração toda vez que eu estiver ao seu lado e me sentir segura.

Cometer loucuras, roubar flores, escrever cartas e dizer que eu te amo.


Mas, quem é você que ainda não apareceu na minha vida?
Cadê você que vai dar sentido a todos os meus textos românticos?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sinceramente, eu acho que eu sou mais problemática do que eu imaginava...

Algum tempo atrás eu prometi pra mim mesma que eu não ia mais me apaixonar, nem me comprometer a um relacionamento de novo, tinha cansado de me foder.
Mas cheguei à conclusão de que eu gosto de me foder nesse sentido, eu gosto de estar apaixonada, eu gosto de ter alguém só pra mim.

Eu posso ter quantas meninas estiverem no meu pé, mas mesmo assim eu me sinto sozinha.

É tão difícil alguém decente se apaixonar por mim? '-'

Por mais bola que eu dê pra todas as meninas, eu no fim só vou querer uma, só que o problema é que geralmente essa uma que eu quero, não me quer D= comofas?

Ah mano, quando mais se precisa de alguém, menos gente tem ao teu redor.

Parece que o mundo conspira contra, sabe...
Caralho, eu só queria comprar rosas de novo, usar roupa social, escrever baboseiras, ficar com cara de boba...

Eu falei que ficar trancada em casa me faz mal!
Já tá aparecendo as crises

Alguém me salva, pelo amor de Deus? ¬¬'

sexta-feira, 23 de abril de 2010

É incrível como o ser humano é fraco.

A maioria das pessoas preferem seguir algo que já está posto de forma imponente.
Por exemplo: religião.
Porque algumas pessoas tem tanto medo de ir para o inferno a ponto de se tornarem obcecadas?
Já postei sobre mentiras, a mentira faz parte da vida das pessoas, queira você ou não.
E provavelmente dos pecados que tu cometeu a mentira é um dos menores.

Particularmente acho ridículo pedir perdão ajoelhada para um Deus que você acredita.
Afinal, se foi Ele que te fez, ele te fez suscetível às tentações existentes no mundo.
Sim, aquela história do livre-arbítrio, mas seguinte: a maioria das coisas que tu faz sem pensar e depois se arrepende são coisas que tu fez por instinto, se tu fez por instinto, é uma coisa que tu queria fazer, se tu queria fazer, qual o pecado?

Existem tantas religiões no mundo, eu vou pro inferno segundo uma religião por acreditar em outra? Comofas? Não entendo...

Disseram que a culpa de eu me quebrar tanto é porque eu não faço sinal da cruz quando saio de casa, e porque eu não rezo...
Acho isso tosco, porque eu vou rezar pra algo que eu não acredito?
Se eu passar a acreditar em algo forçada as coisas vão mudar?

Acho que não hein, minha vida era uma bosta quando eu ia na missa, parei de ir e não mudou muita coisa, melhorou até.
Mas enfim, só divagando, quem sou eu pra achar alguma coisa xD

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pois é, eu estava toda animada jogando no time do colégio, ganhamos o primeiro jogo de virada, jogadas bonitas, parceria entre as jogadoras, paciência, calma...
Exatamente tudo que faltou no jogo de hoje.
Nós jogamos mal, não mal, mas não tão bem quanto no jogo de sábado.
Começamos ganhando e tal, deixamos empatar e elas viraram, mas, isso é motivo pra culpar todas as jogadoras que estavam em campo? As meninas eram 4 por 4, tinham técnica, tinham movimento, tinham TREINO, coisa que a gente não tem!
Não foi falta de atenção, foi falta de treino.
Metade do time nunca tinha jogado um campeonato mano.
A gente foi até longe demais.
Fiquei observando a Larissa do time, ela me abraçava em todos os gols que ela fez no jogo passado, hoje ela só me xingou, colocou a culpa toda de um gol em mim, porra, eu sou uma pessoa, eu posso marcar uma pessoa, não três e uma bola.
E meu desempenho, pra ajudar, caiu por eu estar com o tendão de uma perna fudida, estava com hipo e o músculo da minha coxa contraído. Eu esperava no mínimo um pouco de preocupação das minhas "colegas" de time.

Colega entre aspas porque colega, literalmente, tem em seu significado, a palavra companheira, e companheiros se importam e se respeitam.

Sim, eu estou revoltada, mas o sentido desse post não é a minha revolta, e sim a mudança de atitude das pessoas, como as emoções afetam as pessoas, como as pessoas podem ser falsas por puro interesse.
O meu problema é que eu tento agradar todo mundo ao mesmo tempo e isso nunca dá certo, porque alguém sempre me julga errado, alguém sempre diz que eu não me importo.
Cara, eu tenho trabalhos pra fazer, tenho provas para estudar, tenho treino, tenho jogos, tenho médico, tenho entrevista...
Se alguma vez eu disse que eu amo você é porque eu realmente amo você.
E sabe, tem vezes que eu odeio amar as pessoas, acho que eu não sou suficiente para algumas, ou não sei demonstrar o quanto eu me importo, o quanto eu quero bem.
Crise emo, estou com vontade de sumir do mapa, conferir se vaso ruim não quebra mesmo. >.<