terça-feira, 3 de agosto de 2010

Capítulo 2

Ficou sentada, agora parecia estar ainda mais nervosa, nem tinha chego perto dela ainda.
A menina virou o rosto em sua direção, arrumou o cabelo, Jaque pode ver a aliança desgastada em seu dedo. Ela também parecia nervosa, ainda não tinha olhado em seus olhos, não deu tempo, a loira logo virou de volta, estava conversando com mais duas meninas. O que provavelmente tinha sido a desculpa que Jaque estava usando para si mesma para o fato de ainda não ter levantado e dito um oi qualquer.
O ônibus estava se aproximando, os colegas da menina começaram a fazer uma espécie de fila para entrar.
Jaque estava com a passagem na mão, continuava sentada, observando ela, que procurava quase histéricamente pela passagem, não a achava, sentou ao lado de Jaque, mas sem dar atenção à ela.
Deu para sentir o perfume do creme mais uma vez, agora sim teve certeza de que o coração pularia para fora de vez.
Ela sussurrava algumas palavras de raiva. Não dava para entender.
Todo mundo já tinha entrado no ônibus.
Menos as duas, uma revirava a bolsa e a outra estava paralisada.
O motorista já estava reclamando, o moreno estava na porta, ao ver as duas ali mandou o motorista ir que elas pegariam o próximo ônibus, já que ele não demorava.
O motorista fechou a porta e arrancou.
Fer levantou e tentou correr atrás do ônibus, em vão, sua bolsa caiu no chão e a alça enroscou no seu salto agulha.
Jaque riu, tinha entendido, e achou lindo o jeito com que ela ria de si mesma.
As duas se abaixaram na mesma hora para juntar as coisas que tinham caido da bolsa, as mãos se tocaram. Fer logo a recuou, olhou para baixo.
Jaque olhava agora fixamente para ela, sabendo que Jaque olhava para ela, ergueu lentamente os olhos.
Pela primeira vez as duas tinham se olhado nos olhos. O tempo pareceu parar naquele instante, não ouviam nada, não sentiam nada, não sabiam de mais nada.
As duas não saberiam dizer por quanto tempo ficaram naquela posição, somente se olhando, diretamente no fundo dos olhos.
Fer finalmente sorriu, Jaque logo respondeu, desviaram o olhar, ainda com o sorriso no rosto, nenhuma palavra até ali.
Terminaram de juntar as coisas, levantaram ao mesmo tempo, as duas seguravam a bolsa e mais uma vez os olhares se encontraram.
Silêncio mais uma vez.
-Meu nome é Jaqueline, mas tu pode me chamar de Jaque, se quiser.
-Você não pega ônibus do outro lado?
-Pego.
Silêncio de novo.
Dessa vez não por muito tempo, Jaque logo riu.
-Eu só vim aqui para, na verdade eu não sei porque eu vim aqui, mas eu precisava falar contigo.
Silêncio mais uma vez.

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