Era o que fazia sentido pra ela naquele momento, ver aquele anjo sem asas passar. Sua vida tinha se tornado um inferno e ela só queria voltar a sorrir.
Não tinha certeza se aquela linda menina sabia de sua existência, mas necessitava vê-la, sonhava com elas de mãos dadas, passeando em um parque qualquer, como quem não precisa se preocupar com mais nada porque tinham uma à outra.
Naquele dia, Jaque ficou olhando fixamente para ela. Sorria. A menina olhou pra ela por um instante, abaixou a cabeça como quem evita algo. O sorriso sumiu.
Jaque não entendeu, nunca tinha falado com ela, mas achava que ela era a mulher de seus sonhos.
Continuou seguindo-a com o olhar, ela e seus colegas pararam no ponto de ônibus do outro lado da rua.
Jaque naquele momento, inconscientemente, tomou uma coragem que não saberia dizer depois de onde surgiu e foi até o outro lado da rua.
Chegando lá, seu coração estava tão rápido que achou que teria um taquicardia.
Não sabia se era paranóia, mas todos parecia quietos e olhando para ela, menos a menina.
Estava olhando o cabelo dela, agora de perto, meu Deus, era lindo, os cachos loiros pareciam que tinham vida própria, o brilho era fantástico e de longe dava para sentir o cheiro de frutas do creme para pentear.
O banquinho do ponto estava vazio, Jaque sentou, ansiando para que a menina dos seus sonhos sentasse do seu lado.
Expectativa em vão, ao seu lado sentou um amigo dela, um jovem, não deveria ter mais de 19 anos, moreno, alto e com um sorriso contagiante. Sem tirar o sorriso do rosto, olhou para Jaque e disse oi. Jaque ficou meio confusa, estava prestando atenção na sua menina e não esperava que alguém fosse falar com ela.
Virou para ele e deu um oi com um tom de interrogação. O moço estava com vontade de soltar gargalhadas, isso era visível, mas estava se controlando. Perguntou:
-O que te trás ao lado contrário o qual você pega o ônibus?
Aquela pergunta veio para Jaque como uma facada no peito. Será que ele sabia? Se sabia, como sabia? Era tão óbvio assim? Não, não poderia ser.
Ela ficou com a boca aberta procurando uma resposta, mas nada veio, quando tentou soltar algumas palavras aleatórias, ele a interrompeu.
-Não precisa falar, eu sei. Estou aqui justamente por isso.
-Como você sabe? -Jaque estava mais confusa ainda e seu coração batia mais rápido.
-Ficou meio óbvio, eu vi o jeito que você olha para a Fer- ele apontou para a loira- e estou meio a fim de te ajudar.
-Me ajudar? Como? -Porque ele a ajudaria? Nunca tinha a visto mais gorda.
-Eu sou amigo dela, e ela está com problemas com o namorado.
-Namorado? -Quase gritou, estava surpresa e decepcionada ao mesmo tempo.
-É, mas como eu disse, ela está com problemas com ele e já teve um relacionamento com uma menina, são dois pontos para você.
-E como você vai me ajudar?
-Já te ajudei muito, mas vou fechar minha ajuda com chave de ouro -ele fez uma pausa que pareceu uma eternidade- ela já perguntou se alguém de nós conhecíamos você e ela já te viu jogando, me pareceu um pouco "boba", se é que tu me entende.
Jaque soltou uma risadinha, era tudo que ela precisava, ignorando o fato de que morria de vergonha e tinha medo de levar um não. Agora estava disposta a pegar o mesmo ônibus que eles e ir para o lado contrário só para tentar conversar com ela.
O menino levantou, não disse mais nada e piscou para ela, voltou a falar com umas pessoas que estavam ali.
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