terça-feira, 3 de agosto de 2010

Capítulo 1

Jaque saiu do seu treino correndo, não esperou as outras meninas, estava com pressa, já estava quase atrasada, foi ao vestiário e tomou uma ducha rápida. Se arrumou e foi sentar naquele banco que sentava todos os dias só pra ver ela saindo da faculdade, segurando seu fichário rosa entre os braços com tamanha delicadeza, sorrindo com seus colegas.
Era o que fazia sentido pra ela naquele momento, ver aquele anjo sem asas passar. Sua vida tinha se tornado um inferno e ela só queria voltar a sorrir.
Não tinha certeza se aquela linda menina sabia de sua existência, mas necessitava vê-la, sonhava com elas de mãos dadas, passeando em um parque qualquer, como quem não precisa se preocupar com mais nada porque tinham uma à outra.
Naquele dia, Jaque ficou olhando fixamente para ela. Sorria. A menina olhou pra ela por um instante, abaixou a cabeça como quem evita algo. O sorriso sumiu.
Jaque não entendeu, nunca tinha falado com ela, mas achava que ela era a mulher de seus sonhos.
Continuou seguindo-a com o olhar, ela e seus colegas pararam no ponto de ônibus do outro lado da rua.
Jaque naquele momento, inconscientemente, tomou uma coragem que não saberia dizer depois de onde surgiu e foi até o outro lado da rua.
Chegando lá, seu coração estava tão rápido que achou que teria um taquicardia.
Não sabia se era paranóia, mas todos parecia quietos e olhando para ela, menos a menina.
Estava olhando o cabelo dela, agora de perto, meu Deus, era lindo, os cachos loiros pareciam que tinham vida própria, o brilho era fantástico e de longe dava para sentir o cheiro de frutas do creme para pentear.
O banquinho do ponto estava vazio, Jaque sentou, ansiando para que a menina dos seus sonhos sentasse do seu lado.
Expectativa em vão, ao seu lado sentou um amigo dela, um jovem, não deveria ter mais de 19 anos, moreno, alto e com um sorriso contagiante. Sem tirar o sorriso do rosto, olhou para Jaque e disse oi. Jaque ficou meio confusa, estava prestando atenção na sua menina e não esperava que alguém fosse falar com ela.
Virou para ele e deu um oi com um tom de interrogação. O moço estava com vontade de soltar gargalhadas, isso era visível, mas estava se controlando. Perguntou:
-O que te trás ao lado contrário o qual você pega o ônibus?
Aquela pergunta veio para Jaque como uma facada no peito. Será que ele sabia? Se sabia, como sabia? Era tão óbvio assim? Não, não poderia ser.
Ela ficou com a boca aberta procurando uma resposta, mas nada veio, quando tentou soltar algumas palavras aleatórias, ele a interrompeu.
-Não precisa falar, eu sei. Estou aqui justamente por isso.
-Como você sabe? -Jaque estava mais confusa ainda e seu coração batia mais rápido.
-Ficou meio óbvio, eu vi o jeito que você olha para a Fer- ele apontou para a loira- e estou meio a fim de te ajudar.
-Me ajudar? Como? -Porque ele a ajudaria? Nunca tinha a visto mais gorda.
-Eu sou amigo dela, e ela está com problemas com o namorado.
-Namorado? -Quase gritou, estava surpresa e decepcionada ao mesmo tempo.
-É, mas como eu disse, ela está com problemas com ele e já teve um relacionamento com uma menina, são dois pontos para você.
-E como você vai me ajudar?
-Já te ajudei muito, mas vou fechar minha ajuda com chave de ouro -ele fez uma pausa que pareceu uma eternidade- ela já perguntou se alguém de nós conhecíamos você e ela já te viu jogando, me pareceu um pouco "boba", se é que tu me entende.
Jaque soltou uma risadinha, era tudo que ela precisava, ignorando o fato de que morria de vergonha e tinha medo de levar um não. Agora estava disposta a pegar o mesmo ônibus que eles e ir para o lado contrário só para tentar conversar com ela.
O menino levantou, não disse mais nada e piscou para ela, voltou a falar com umas pessoas que estavam ali.

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