quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Capítulo 5

Parecia que tudo tinha voltado ao que era antes de ter atravessado a rua naquela noite.
Conseguiu dormir rápido, seu coração estava reclamando, mas ela conseguiu ignorá-lo mais uma vez, se ele não tinha se acostumado com a dor ainda, ela tinha.
No dia seguinte não conseguia se concentrar na aula, assistiu as duas primeiras e saiu da sala.Deitou em um banco lá fora, esperaria o treino daquele dia, nada melhor para aliviar tudo que sentia. Tudo.
Ficou poucas horas ali, deitada, mas pareceram décadas, pensamentos rodeavam sua cabeça, estava decidida a não ficar no ponto aquele dia.
O treino começou, havia muita gente na arquibancada, assistindo, conseguiu reconhecer algumas pessoas, eram de outra turma, imaginou que estavam sem aquela aula e com preguiça de ir para casa, ou algo assim.
Para não pensar besteira tinha que manter ocupada sua cabeça, nem que fosse com assuntos idiotas.
O treino terminou, não iria tomar banho, comprou uma garrafa de água e foi andando para a saída.Enquanto saía, ouviu alguém correndo, olhou para trás.
Não acreditou no que viu, o fichário rosa brilhando contra o sol, não podia ser, deveria estar sonhando.Ficou parada, enquanto os loiros cachos balançavam em sua direção.
Ela chegou perto, talvez perto demais, mais uma vez o coração de Jaque estava querendo sair, dessa vez, o corpo inteiro dela tremia.
Mais uma vez ninguém falou nada.
Fer alternava seu olhar entre a boca e os olhos de Jaque, sua feição parecia assustada.
Se aproximou mais, segurou a nuca de Jaque com uma mão enquanto a outra segurava o fichário. Com a boca entre-aberta puxou Jaque para mais perto dela. Beijou-a.
As duas tremiam, o time estava todo parado, olhando a cena.
Foi só um selinho, Fer logo a soltou e se afastou.
-Desculpa, por isso, por ontem. Eu estou confusa, mas acho que você é quem deveria estar aqui do meu lado, o teu nome é que deveria estar gravado na minha aliança,- Jaque olhou para o seu dedo, nele agora só havia a marca daquela aliança desgastada.- você é quem deveria velar o meu sono, não ele.
Naquele momento todas as palavras que Jaque já tinha pensado em dizer, que já tinha escrito e que gostaria de dizer tinham sumido. Parecia parada na mesma posição desde a hora que virou para trás, queria dizer que precisava fazer tudo isso que ela tinha dito, que precisava dela pra viver dali em diante, que a amava, mas tudo isso pareceu tão difícil naquele momento, que permaneceu calada.
-Ah meu Deus, não era isso que você queria, né? Ah, me desculpa.
Fer saiu correndo, esbarrando seu ombro de leve no ombro de Jaque. Parou só quando chegou na calçada, para atravessar a rua, olhou para trás rapidamente. Jaque já estava vindo atrás, segurou o braço de Fer.
-Você me deixou sem reação, tudo que eu mais quero na minha vida agora é que você faça parte e dê algum sentido para ela, eu não quero que você atravesse essa rua agora, eu quero você do meu lado.
As lágrimas que escorriam pelo rosto de Fer agora caíam no mesmo ombro em que esbarrou, sentiu-se tão protegida envolvida pelos braços de Jaque.
Dessa vez, o beijo foi mais intenso e mais demorado.

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