quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Parou no meio da calçada, encostou-se em um poste enquanto a chuva grossa caía violentamente sobre seu corpo.
Olhou para o outro lado da rua, fechou seus olhos, ergueu a cabeça. Viu aquele sorriso doce que a confortava. Poderia até dizer que lágrimas escorreram, se elas não pudessem ser confundidas com as gotas de chuva.
Sentia seu coração palpitar desesperadamente. Desencostou-se do poste.
Atravessou a rua, olhando para a faixa pintada na rua.
Ouviu buzinas e barulho de pneu derrapando, seguidos de uma série de palavras ofensivas vindas de uma voz masculina que, ao notar a indiferença dela, cessou a sequência de xingamentos e quieto continuou seu caminho.
Ela sentou no banco, apoiou os cotovelos em seus joelhos e abaixou a cabeça.
Perdeu a noção de quanto tempo passou ali, de cabeça baixa estudando as linhas que separavam cada pedra do chão.
Ali sentiu seu coração vazio, levou a mão direita em direção ao seu coração, segurou com força a camiseta em um ato de desespero.
O céu começou a abrir, a chuva parou.
Sentiu alguém se aproximar correndo.
Olhou para o lado.
Daquela vez não foi preciso fechar os olhos para ver aquele sorriso.

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