sábado, 28 de agosto de 2010

Capítulo 10

Fer foi embora, o sábado demorou a passar.
Mas finalmente terminou.
No domingo de manhã o celular de Jaque tocou.
Ela atendeu sonolenta, tinha sonhado a noite toda, acordou com o celular tocando, mas acordou sorrindo.
No outro lado da linha era Fer, sua voz estava mais melosa do que o normal, Jaque estranhou.
Depois de um tempo entre conversas sobre assuntos aparentemente inúteis, Jaque não aguentou.
-O que está acontecendo contigo?
-Como assim o que está acontecendo comigo?
-Hey, eu posso ter passado apenas uma noite ao teu lado, posso não saber tudo sobre a sua vida, sobre o que tu passou, sobre o que tu viveu, sobre o que tu quer. Mas eu sinto que te conheço o suficiente já para sentir quando tem alguma coisa diferente contigo. E eu estou sentindo na sua voz que alguma coisa está errada.
Fer desmoronou, começou a chorar desesperadamente no telefone.
Jaque agora estava sem reação, não a queria chorando, mas sinceramente, não sabia o que fazer naquele momento.
-Calma amor, não chora, me conta, o que foi?
Engoliu o choro, tentou não soluçar, tentativa em vão, concentrou-se como quem precisa desarmar uma bomba.
-É o meu ex, ele veio aqui em casa ontem de noite, falou um monte para os meus pais, disse que eu era sapatão, que eles não mereciam ter uma filha como eu. Depois veio até meu quarto, me xingou, disse que eu sou vagabunda, que era bom eu não estar com ele mesmo, porque ele merece coisa melhor.
Jaque ficou meio paralizada, não sabia o que dizer para ela, mas sabia que Fer precisava dela. Antes que ela abrisse a boca para tentar falar algo tentando acalmá-la, Fer se adiantou.
-Desculpa estar te alugando com os meus problemas, mas eu precisava ouvir sua voz hoje, eu preciso do teu abraço, preciso entrelaçar nossos dedos. Parece que longe de você, me sinto à beira de um abismo. Você não precisa falar nada se tu não quiser ou não souber o que falar.
-Mas você me liga para ouvir minha voz e diz que não preciso falar nada?
As duas riram. Um riso tímido, um riso que parecia errado naquela hora, mas que talvez fosse um combustível, esse era um dos principais motivos de Fer ter se apaixonado por Jaque, a sua facilidade de lhe fazer rir.
A experiência da vida tinha ensinado à Jaque que as coisas por mais feias que estejam, não tirariam o sorriso de seu rosto. Teoria do Playmobil.
-Vem passar a noite aqui em casa hoje de novo. Eu imagino como deve estar foda o clima com seus pais, e ele não sabe onde eu moro, e mesmo que ele apareça aqui, eu acabo com ele.
Mais risadas.
-Eu vou, preciso de você de novo, na verdade, acho que eu vou falar essa frase todos os dias daqui pra frente. Preciso de você de novo.

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